Sistema eletrônico no trabalho sofre retrocesso por causa do governo

Este ponto eletrônico que emite papel será exigido a partir de outubro, depois de ser adiado três vezes: a primeira (em setembro) porque não havia máquinas de ponto assim no mercado; a segunda (em março) por divergências entre o ministério, patrões e funcionários; e a terceira vez foi hoje mesmo, porque representantes patronais entraram com recurso à medida. Juízes trabalhistas afirmam que controvérsias sobre hora extra não paga aparecem “diariamente por parte de empresas que utilizam o ponto eletrônico”. A Schincariol já usa o sistema eletrônico novo na sede, e o analista Fagner Silva diz que “nossa expectativa é reduzir ou mesmo acabar com esse tipo de reclamação por horas extras não pagas”. E os funcionários da Schin acharam um jeito de organizar os papéis: colando em uma agenda. No fim, toda essa polêmica deve apenas dificultar a adoção do ponto eletrônico – afinal, é a empresa que escolhe. Segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, em fevereiro 95% das empresas do país usavam ponto manual ou mecânico, e só 5% tinham ponto eletrônico. Das 700.000 empresas que usam o ponto eletrônico, só 100.000 usam o novo modelo – o que deve mudar a partir de outubro, quando ele se torna obrigatório.
O novo ponto não parece ser muito caro – de R$1.700 a R$3.800 – mas com certeza há uma forma melhor de emitir comprovantes. E-mail, quem sabe? Sindicatos queriam substituir os comprovantes por uma planilha da jornada de trabalho. O primeiro secretário-geral da Força Sindical, Sérgio Leite, explica o problema: “Se cada funcionário recebe quatro comprovantes por dia, serão noventa papéis por mês. Nos cinco anos que têm para entrar na Justiça serão cinco mil comprovantes”.