Produtos se tornam obsoletos ao chegarem no mercado
A Wikipedia diz que obsolescência é a condição que ocorre a um produto ou serviço que deixa de ser útil, mesmo estando em perfeito estado de funcionamento, devido ao surgimento de um produto tecnologicamente mais avançado. Se isso é algo positivo ou negativo, não vem ao caso; a verdade é que hoje em dia um produto se torna obsoleto ao ser disponibilizado para os consumidores — ou seja, nós. Tomemos a Apple como exemplo, afinal o buzz causado por seus aparelhos é gigantesco. A página de suporte da companhia diz que produtos antigos são aqueles que estão fora de linha há mais de cinco e menos de sete anos, enquanto que os obsoletos são os que estão fora de linha há mais de sete anos. Entretanto, o primeiro tablet da Apple — o iPad — foi lançado no início de 2010, e apenas um ano depois surgiu o iPad 2, aparelho com design renovado, processador mais veloz, algumas melhorias gráficas e câmeras, uma VGA e outra para videoconferências. Sem querer acusar a companhia especificamente, isso poderia ser considerado um caso de obsolescência perceptiva, onde os fabricantes lançam produtos com aparência inovadora, além de pequenas mudanças funcionais, dando aos produtos antigos aspecto de ultrapassados. Primeiro iPad chegou em 2010 para revolucionar o mercado Outro exemplo interessante levando em conta a gigante de Cupertino é o iPhone 5. Enquanto o próximo smartphone da companhia ainda não nem lançado, com poucas informações sendo reveladas, já estão surgindo novidades do que a Maçã planeja introduzir no iPhone 6. Algo semelhante ocorreu com o iPad atual. Enquanto ele estava para ser lançado, surgiu a informação de que apenas o iPad 3 contará com tela Retina, porque os painéis eram muito caros para a 2ª geração do tablet. Obviamente que não há como querer que as empresas pensem nos seu próximos produtos, mas fica aquela sensação de que compraremos algo que em breve terá uma versão melhor, mais atraente e mais funcional nas prateleiras. Isso para não falar na questão da distância e dos lançamentos no Brasil. Os produtos costumam chegar por aqui bastante atrasados e com preços extremamente altos — principalmente por causa dos impostos, enquanto lá fora as novidades continuam surgindo rapidamente. Particularmente falando, vivenciei duas experiências interessantes com celulares e notebooks. Quando tinha cerca de 8 anos, minha mãe deu um notebook de presente para o meu pai. Não me recordo da marca nem do modelo, porém lembro que para a época era um aparelho interessante, e que laptops eram produtos extremamente caros, com preços acima dos R$4 mil. Não sei como, mas o “coroa” conseguiu manter o “bicho” funcionando por mais de 6 anos, até que meu primo e eu o derrubamos no chão e colocamos um fim à sua longa vida. Apegado ao gadget, meu pai até tentou consertá-lo, ir atrás de peças compatíveis, entretanto já era tarde demais — que o bicho descanse em paz. Em 2008, comprei o meu primeiro notebook — um Dell — que acabou indo para o “cemitério” em cerca de um ano. Estou com meu segundo laptop, que completou dois anos de vida e cuja bateria está começando a me dar trabalho. A não ser que meu pai seja mágico e ninguém saiba e eu um completo descuidado, a diferença parece nos aparelhos, que possuíam maior longevidade. Nokia 3320 Sobre os celulares, ganhei o meu primeiro aos 13 anos. Um Nokia 3320, e eu estava todo orgulhoso dele. No entanto, a excitação durou cerca de um mês, e passei a notar as limitações do aparelho, ver outros com diversas funcionalidades melhores na televisão ou na internet, e me perguntei o motivo de ter aquela “joça”. Quando a maturidade finalmente apareceu, percebi que não adiantava me preocupar com coisas desse tipo, e sim pensar nas necessidades que o celular supria e que não adiantava querer algum outro que em breve teria um sucessor melhor. Enfim, foi uma coisa que entendi e que levo comigo até hoje: temos que pensar no que precisamos acima do que desejamos, pelo menos em relação aos gadgets. Como disse, antigamente as coisas eram um pouco diferentes. Um espaço de quase 30 anos se passou entre os primeiros modelos de TV em preto e branco e os que transmitiam imagens em cores. Foram mais 40 anos para uma mudança bastante significativa, com a chegada dos modelos de formato para widescreen com telas em LCD e LED. Podemos inclusive levar em conta o telefone, cujo primeiro aparelho surgiu em 1856 quando o italiano Antonio Meucci construiu um telefone eletromagnético para conectar seu escritório ao seu quarto, enquanto que o primeiro celular foi desenvolvido pela Ericsson em 1956. Chamado de Ericsson MTA (Mobilie Telephony A), o aparelho pesava cerca de 40 quilos e foi desenvolvido para ser instalado em porta-malas de carros. O videocassete também perdurou por muito tempo. Seu primeiro modelo comercial, o U-Matic da Sony, chegou ao mercado em 1971. Quase 30 anos depois, em novembro de 1997 no Japão, surgiram os primeiros leitores de DVD e discos, enquanto que no Brasil a tecnologia começou a ganhar força em apenas em 2002 e 2003.Entrando nessa nova era veloz de atualização de aparelhos, o reinado do DVD não durou muito. A Sony lançou o primeiro gravador de Blu-ray em 2003, cujas especificações técnicas foram concluídas em 2004. Em 2008, o Blu-ray venceu a guerra contra o formato HD-DVD e foi considerado oficialmente o sucessor do DVD. Videocassete Sony U-Matic VO-1600 Não se pode dizer que a nova velocidade dos produtos e do mercado seja uma coisa ruim, afinal isso seria ir contra justamente ao avanço tecnológico. As empresas, preocupadas com as concorrentes, precisam estar em constante atualização para não perder espaço, e com isso vemos as novas maravilhas da tecnologia praticamente todos os dias. Apenas espero que em breve o ser humano não seja considerado algo obsoleto, apesar disso já estar acontecendo. A dica que deixo para os leitores do InsideTechno é justamente o que aprendi após o meu primeiro celular. Levando em conta as questões financeiras, os usuários precisam pensar nas suas necessidades e adquirir aquilo que as preencham, sem medo de que um sucessor possa ser melhor. Como dizem aqui no sul, “o cavalo encilhado não passa duas vezes.