O peculiar mercado mexicano de automóveis

13/10/2011 15:52

mercado carros mexico 1 O peculiar mercado mexicano de automóveis

Sempre há no Notícias Automotivas discussões acaloradas sobre a composição do mercado de automóveis no Brasil. Apesar de termos vários carros com tecnologia de ponta, a maioria esmagadora é de importados e se situam em uma faixa de preço inacessível a enorme maioria dos consumidores. E os carros “populares” são projetos antigos (há exceções como o Novo Uno) ou requentados em cima de uma base já existente e amortizada há anos.

Mas se olharmos em outros países em desenvolvimento, veremos que esta situação é análoga em quase todos. E para não nos sentirmos sozinhos, vamos conhecer um pouco do peculiar mercado mexicano. Se antes éramos um grande exportador para o México, a situação se inverteu e nunca vimos tantos lançamentos em nosso mercado com o carimbo “MADE IN MEXICO”.

O México tem um mercado com um grande número de marcas. E uma enorme variedade de opções graças ao NAFTA, acordo comercial entre EUA, México e Canadá. É lá que são produzidos vários carros que são vendidos no mercado americano e canadense, valendo-se da mão de obra mais barata. Mas os carros no mercado mexicano, apesar de serem ofertados no mercado local, não são tão acessíveis a população em geral. Não por que sejam caros, mas porque o poder de compra do consumidor não é tão elevado quanto nos dois outros mercados da NAFTA.

O mercado automobilístico mexicano também não é fácil. De um lado, apesar de produzir vários tipos de automóveis, é um mercado relativamente pequeno e muito pulverizado. De outro, os carros novos sofrem séria concorrência de carros usados vindos dos EUA e Canadá por preços bem camaradas. E é assim o panorama geral do mercado automobilístico mexicano.

mercado carros mexico 3 O peculiar mercado mexicano de automóveis

Mas podemos ver que seu mercado tem também suas esquisitices, tal qual o nosso. Gerações antigas convivendo com as mais novas e não raro sendo as mais vendidas. Sim, isso lembra sim um certo mercado abaixo da linha do Equador. A marca mais vendida no México é a Nissan, dona de praticamente ¼ do mercado. Sua gama de veículos é enorme: desde o recém chegado (para nós) March até o Tsuru, um Sentra de três gerações atrás, que chegou por aqui em 1992 e foi comercializado até 1995, onde vendeu menos de 1 mil unidades neste período.

Detalhe: é o carro mais vendido no mercado mexicano. A linha ainda compreende o sedã Maxima, o SUV Murano, o sedã compacto Versa, monovolume Tiida, Sentra, o sedã e cupê grande Altima, o esportivo 370Z, além de Juke, Rogue, Armada, Pathfinder e Xtrail. Na linha de pick ups, a Frontier convive com sua geração anterior, que também foi produzida aqui, a NP300, além da Titan.

Dentre as nossa marcas tradicionais, apenas a Fiat não tem expressão por lá, apesar de agora produzir o 500. Há alguns anos atrás ela tentou entrar no mercado mexicano com a linha Adventure, mas sem muito sucesso. Hoje vende, comum a nós, o Linea que é importado daqui. Completam a gama o Panda e a Ducato, uma geração à frente da nossa.

A VW também tem uma ampla gama composta de carros produzidos lá, como o Jetta, sua versão perua e o Bora, lá vendido como VW Clássico. Gol, Voyage (lá Gol Sedan) e Saveiro são exportados daqui com o motor 1.6 VHT. Curiosidade 1: Lá o Gol tem uma versão GT, a topo de linha mas não há qualquer diferença quanto a motorização. Curiosidade 2: Na GIII, o Gol chegou a ser o carro mais vendido no México. O Fox já foi vendido lá, mas hoje apenas o CrossFox é ofertado. Completam a linha Passat, Golf e Golf SW (que chega aqui com Jetta Variant), Beetle, CC, Routan (um Chrysler Town & Country com a marca da VW), Touareg, Tiguan, Amarok, Crafter e Transporter.

A Chevrolet também é uma marca bem vista entre os mexicanos. E a gama de veículos é tão ou mais variada que a da Nissan. Começando pelo pequeno Matiz, que é um Daewoo Matiz com uma reestilização, chegando às grandes pick ups Silverado que os americanos tanto apreciam. Alguns produtos são importados da Coréia (caso do Spark por exemplo) e até do Brasil (nossa Montana, lá chamada de Tornado). Mas o caso mais pitoresco é o Chevy, o Corsa vendido aqui desde 1994, nas versões hatch e sedã, com uma reestilização que faz com que qualquer um que acha nosso Classic feio e com cara de “carro chinês”, ache que no mínimo temos mais sorte.

Nas fotos podemos ver que proporção passou longe da ideia dos designers que reestilizaram a grade e os para choques. Completam ainda da linha Aveo, Sonic, Cruze, Malibu, Captiva (de onde é importada para cá), Colorado, Express (furgão de carga), Cheyenne, Camaro, Traverse (já mostrada por aqui), Tahoe, Suburban, Avalanche (também já cotada um dia para vir para cá) e Corvette.

A Ford tem uma gama de veículos um pouco mais enxuta, mas não escapa de ter seu “capricho”. Lá são ofertados Fusion e Fiesta, tanto hatch e sedã, que são importados para o Brasil. Mas seus carros mais baratos são os Ikon hatch e sedã. E o Ikon nada mais é que um Fiesta, lançado por aqui em 2002. Mas apesar de serem hatch e sedã, eles tem pouco haver um como o outro. Enquanto o sedã é nosso velho conhecido, com sua polêmica reestilização e o motor 1.6 RoCam, o Ikon hatch é o Ford Figo indiano. Além da plataforma, eles compartilham muito pouca coisa.

Os interiores são diferentes, os motores são diferentes (1.6 DOHC no indiano) e até mesmo peças de estamparia são diferentes, caso das portas, onde o indiano tem vincos mais pronunciados. Cabe aqui uma observação. Antes o Ikon hatch era o nosso, produzido em Camaçari BA. Mas provavelmente por questões de custo, a Ford brasileira perdeu o contrato de exportação para os indianos.

Ainda na Ford, é exportado daqui para lá o EcoSport e a Courier. E o mercado mexicano recebe da Argentina a Ranger. Ainda na gama aparecem Focus, Mustang, Escape, Explorer, Expedition e Edge. As pickups tão apreciadas pelos vizinhos americanos, também tem sua vez na tabela de produtos, com a série F (da 150 até 450), Lobo e os furgões Transit e E-150/350.

A Renault não é tão representativa quanto a Nissan. Mas vende o Sandero. O Clio sedã era oferecido lá com a marca Nissan e se chamava Platina. Ainda lá aparecem Fluence, Koleos, Safrane e Kangoo. A Peugeot também tem pouca representatividade lá. Vende o 207 (verdadeiro), além de 3008, 308, RCZ e Grand Raid, que aqui é o Partner Escapade.

As japonesas Honda e Toyota também, assim como a Nissan, gozam de certo espaço de mercado. A Honda aparece com Accord sedã e coupé, além do Crosstour (lembra vagamente o perfil do X6), Civic sedã e coupé além da versão híbrida, Fit e City. Aparecem ainda Odyssey, Pilot, Ridgeline e o CRV que conhecemos muito bem aqui, já que foi após sua mudança para o méxico que ele chegou com um preço mais competitivo.

A Toyota também conta com uma linha quase infinita, com Yaris sedã e hatch, Corolla, Camry, Avanza (minivan), RAV4, Sienna, Highlander, FJ Cruiser, Hiace, Land Cruiser, Sequoia, e as pick ups Hilux, Tacoma e Tundra, estas últimas que fazem a Hilux parecer pequena.

O mercado mexicano, como todo país emergente, tem algumas peculiaridades que os mercados mais desenvolvidos, como o americano e o europeu nem imaginam. Se nos mercados mais maduros temas como emissão de poluentes e segurança ativa e passiva estão entre as principais características levadas em conta, nos mercados em desenvolvimento os temas são outros, como espaço e preço. Como mercado em evolução, o México um dia chegará lá. E nós também.