O peculiar mercado mexicano de automóveis
Mas se olharmos em outros países em desenvolvimento, veremos que esta situação é análoga em quase todos. E para não nos sentirmos sozinhos, vamos conhecer um pouco do peculiar mercado mexicano. Se antes éramos um grande exportador para o México, a situação se inverteu e nunca vimos tantos lançamentos em nosso mercado com o carimbo “MADE IN MEXICO”.
O mercado automobilístico mexicano também não é fácil. De um lado, apesar de produzir vários tipos de automóveis, é um mercado relativamente pequeno e muito pulverizado. De outro, os carros novos sofrem séria concorrência de carros usados vindos dos EUA e Canadá por preços bem camaradas. E é assim o panorama geral do mercado automobilístico mexicano.
Dentre as nossa marcas tradicionais, apenas a Fiat não tem expressão por lá, apesar de agora produzir o 500. Há alguns anos atrás ela tentou entrar no mercado mexicano com a linha Adventure, mas sem muito sucesso. Hoje vende, comum a nós, o Linea que é importado daqui. Completam a gama o Panda e a Ducato, uma geração à frente da nossa.
A VW também tem uma ampla gama composta de carros produzidos lá, como o Jetta, sua versão perua e o Bora, lá vendido como VW Clássico. Gol, Voyage (lá Gol Sedan) e Saveiro são exportados daqui com o motor 1.6 VHT. Curiosidade 1: Lá o Gol tem uma versão GT, a topo de linha mas não há qualquer diferença quanto a motorização. Curiosidade 2: Na GIII, o Gol chegou a ser o carro mais vendido no México. O Fox já foi vendido lá, mas hoje apenas o CrossFox é ofertado. Completam a linha Passat, Golf e Golf SW (que chega aqui com Jetta Variant), Beetle, CC, Routan (um Chrysler Town & Country com a marca da VW), Touareg, Tiguan, Amarok, Crafter e Transporter.
A Chevrolet também é uma marca bem vista entre os mexicanos. E a gama de veículos é tão ou mais variada que a da Nissan. Começando pelo pequeno Matiz, que é um Daewoo Matiz com uma reestilização, chegando às grandes pick ups Silverado que os americanos tanto apreciam. Alguns produtos são importados da Coréia (caso do Spark por exemplo) e até do Brasil (nossa Montana, lá chamada de Tornado). Mas o caso mais pitoresco é o Chevy, o Corsa vendido aqui desde 1994, nas versões hatch e sedã, com uma reestilização que faz com que qualquer um que acha nosso Classic feio e com cara de “carro chinês”, ache que no mínimo temos mais sorte.
Nas fotos podemos ver que proporção passou longe da ideia dos designers que reestilizaram a grade e os para choques. Completam ainda da linha Aveo, Sonic, Cruze, Malibu, Captiva (de onde é importada para cá), Colorado, Express (furgão de carga), Cheyenne, Camaro, Traverse (já mostrada por aqui), Tahoe, Suburban, Avalanche (também já cotada um dia para vir para cá) e Corvette.
A Ford tem uma gama de veículos um pouco mais enxuta, mas não escapa de ter seu “capricho”. Lá são ofertados Fusion e Fiesta, tanto hatch e sedã, que são importados para o Brasil. Mas seus carros mais baratos são os Ikon hatch e sedã. E o Ikon nada mais é que um Fiesta, lançado por aqui em 2002. Mas apesar de serem hatch e sedã, eles tem pouco haver um como o outro. Enquanto o sedã é nosso velho conhecido, com sua polêmica reestilização e o motor 1.6 RoCam, o Ikon hatch é o Ford Figo indiano. Além da plataforma, eles compartilham muito pouca coisa.
Os interiores são diferentes, os motores são diferentes (1.6 DOHC no indiano) e até mesmo peças de estamparia são diferentes, caso das portas, onde o indiano tem vincos mais pronunciados. Cabe aqui uma observação. Antes o Ikon hatch era o nosso, produzido em Camaçari BA. Mas provavelmente por questões de custo, a Ford brasileira perdeu o contrato de exportação para os indianos.
Ainda na Ford, é exportado daqui para lá o EcoSport e a Courier. E o mercado mexicano recebe da Argentina a Ranger. Ainda na gama aparecem Focus, Mustang, Escape, Explorer, Expedition e Edge. As pickups tão apreciadas pelos vizinhos americanos, também tem sua vez na tabela de produtos, com a série F (da 150 até 450), Lobo e os furgões Transit e E-150/350.
A Renault não é tão representativa quanto a Nissan. Mas vende o Sandero. O Clio sedã era oferecido lá com a marca Nissan e se chamava Platina. Ainda lá aparecem Fluence, Koleos, Safrane e Kangoo. A Peugeot também tem pouca representatividade lá. Vende o 207 (verdadeiro), além de 3008, 308, RCZ e Grand Raid, que aqui é o Partner Escapade.
As japonesas Honda e Toyota também, assim como a Nissan, gozam de certo espaço de mercado. A Honda aparece com Accord sedã e coupé, além do Crosstour (lembra vagamente o perfil do X6), Civic sedã e coupé além da versão híbrida, Fit e City. Aparecem ainda Odyssey, Pilot, Ridgeline e o CRV que conhecemos muito bem aqui, já que foi após sua mudança para o méxico que ele chegou com um preço mais competitivo.
A Toyota também conta com uma linha quase infinita, com Yaris sedã e hatch, Corolla, Camry, Avanza (minivan), RAV4, Sienna, Highlander, FJ Cruiser, Hiace, Land Cruiser, Sequoia, e as pick ups Hilux, Tacoma e Tundra, estas últimas que fazem a Hilux parecer pequena.
O mercado mexicano, como todo país emergente, tem algumas peculiaridades que os mercados mais desenvolvidos, como o americano e o europeu nem imaginam. Se nos mercados mais maduros temas como emissão de poluentes e segurança ativa e passiva estão entre as principais características levadas em conta, nos mercados em desenvolvimento os temas são outros, como espaço e preço. Como mercado em evolução, o México um dia chegará lá. E nós também.