Investidores começam a pedir dividendos à Apple
A Apple está começando a escutar um refrão comum vindo dos investidores: cadê o dinheiro?
Após a morte do seu cofundador Steve Jobs, na semana passada, os investidores continuam gostando do que veem na Apple: uma demanda recorde pelo seu novo iPhone 4S, que elevou o valor das ações da empresa a um nível quase recorde. E ela tem 75 bilhões de dólares em caixa.
Uma pesquisa da Thomson Reuters junto a 11 gestores de carteiras, feita já depois da morte de Jobs, mostrou um forte apoio à nova direção da Apple, comandada pelo executivo-chefe Tim Cook, e confiança de que a empresa está desenvolvendo grandes produtos pelos menos para os próximos anos.
Mas eles também esperam que a Apple comece a lhes dar algum rendimento.
"Eu optaria por um dividendo significativo", disse Peter Deininger, gestor de uma carteira no Columbia Large Cap Growth Fund, um dos maiores investidores da Apple.
Seis dos 11 gestores disseram que o pagamento de dividendos seria uma recompensa por sua lealdade —algo que eles temem que seja colocado à prova no momento em que Cook tenta ocupar o lugar de Jobs.
Dez gestores disseram que preservam ações da Apple na esperança de que Cook consiga cumprir as visões de Jobs no curto prazo. Mas cinco gestores preveem que a confiança dos investidores na Apple será posta em xeque no longo prazo.
"Temo que Steve fosse um centro de gravidade para a empresa, e, com o tempo, as pessoas vão dizer: ''Eu queria trabalhar para o Steve'', e irão fazer outra coisa", disse David Eiswert, da T. Rowe Price. "Isso será algo a se observar nos de um ou dois anos."
A Apple tradicionalmente resiste a pagar dividendos. Ela tem colocado seu dinheiro no desenvolvimento interno de produtos, feito algumas poucas aquisições —e acumulado um caixa que hoje representa um quinto do seu valor. O valor de mercado da empresa, que era de 5 bilhões de dólares quando Jobs reassumiu o comando, em 1997, disparou para quase 349 bilhões quando Jobs renunciou ao comando, em agosto.
Esse crescimento excepcional para uma grande empresa fez com que um dos gestores entrevistados se preparasse para um eventual confronto. "Nunca vimos uma empresa desse tamanho crescer, então ela precisa desacelerar", disse Richard Sheiner, da Geneva Advisors.
Mas, até agora, os investidores continuam ao lado da Apple.
"O talento criativo na Apple é amplo e profundo, e ela estabeleceu uma marca protegida junto ao consumidor", disse Nigel Holland, que participa da gestão de uma carteira de 565 bilhões de dólares na Legal & General Investment Management.
E essa é uma grande razão pela qual os gestores ouvidos disseram ter adquirido todas as ações da Apple que conseguiram.
"Há todas as razões para possuir ações da Apple, e estamos comprometidos a possuí-las durante o próximo par de anos", disse Keith Wirtz, diretor de investimentos da Fifth Third Asset Management.