Dólar fecha em queda de quase 2% nesta quarta-feira
O dólar comercial teve o segundo pregão seguido de desvalorização nesta quarta-feira (5), recuando cerca de 2% no dia, refletindo o maior apetite por risco nos mercados internacionais em meio ao alívio nas preocupações com a economia global.
Ao longo desta semana, a divisa acumula queda de 2,66%, mas, no ano, ainda sobe 9,93%.A moeda norte-americana fechou vendida a R$ 1,8315, queda de 1,98%, maior recuo em quase duas semanas.
As operações domésticas acompanharam o movimento do dólar no exterior, em meio à forte alta das commodities. Moedas de perfil semelhante ao real, como os dólares australiano e canadense --sensíveis à variação das matérias-primas--, também se valorizaram.
Cenário externo
"Hoje o dólar olhou totalmente o cenário externo. Houve uma melhora no sentimento, com as bolsas e commodities em alta, e isso abre espaço para a queda do dólar", disse o diretor de tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer.
A volta do apetite por risco teve lastro em esperanças de que as autoridades da zona do euro garantam a solidez do sistema financeiro da região, minimizando preocupações de que os problemas de dívida na periferia do bloco, centrada na Grécia, transformem-se em uma crise financeira.
Temores sobre a recuperação norte-americana também diminuíram neste pregão após dados sugerirem uma melhora no mercado de trabalho privado e no setor de serviços do país.
A recente turbulência que golpeou os mercados financeiros chegou a reduzir o fluxo de dólares ao país na segunda semana de setembro, mas não o suficiente para impedir que a entrada líquida de moeda no mês mais do que dobrasse na comparação com agosto.
Segundo dados do Banco Central (BC), a entrada líquida de dólares somou US$ 8,484 bilhões no mês passado, 104% a mais do que os US$ 4,155 bilhões registrados em agosto.
Knauer, do Banco Prosper, ponderou contudo que os mercados ainda estão muito vulneráveis às incertezas com a Europa e com os Estados Unidos, o que pode limitar quedas adicionais do dólar.
"Não dá para cravar nada, está tudo muito incerto. O dólar pode estar a R$ 1,70 mês que vem ou já em R$ 1,90, ou mesmo R$ 2,00. Tudo vai depender de como vão resolver a situação na Europa", afirmou.
A escalada das preocupações com a economia global e a imposição de uma taxação sobre derivativos cambiais no final de julho patrocinaram uma reversão nas posições de estrangeiros nos mercados de dólar futuro e de cupom cambial (DDI) na BM&FBovespa.
Os não residentes sustentavam posição líquida comprada na moeda norte-americana de US$ 713,95 milhões na terça-feira. No início de julho, esse grupo de investidores chegou a exibir exposição vendida em dólar de mais de US$ 24 bilhões.